5 MITOS que já te contaram sobre dor e exercício físico
A dor é um sintoma que pode ser bastante incômodo e muitas vezes limitante. Por isso, é importante buscarmos formas de tratá-la. No entanto, ao longo do tempo, foram criados muitos mitos sobre a dor que podem atrapalhar a compreensão do seu real significado e até mesmo dificultar o seu tratamento. Neste artigo, vamos desmistificar cinco desses mitos e mostrar que, com um tratamento adequado, é possível controlar a dor e ter uma vida mais saudável.
“Se você tem dor, a melhor solução é repousar e cessar todas as atividades para tratá-la”
Muitas pessoas acreditam que a melhor forma de tratar a dor é ficar em repouso e cessar todas as atividades. No entanto, estudos mostram que o movimento é a base do tratamento e um pouco de exercício já é melhor do que nenhum (1). Ficar de repouso, na verdade, é um fator de risco para a dor ficar crônica (1). É importante buscar orientação profissional para realizar exercícios que sejam adequados e seguros para o seu caso.
“Sua dor no pescoço é causada pela sua má postura”
No que diz respeito a postura, o que parece ser um fator que contribui para a dor no pescoço é a permanência na mesma posição, e não a postura em si (2). Mas, ela não é a única causa: as disfunções musculares, articulares ou alterações nos discos e nervos também podem ser responsáveis pelo aparecimento da dor. Além disso, fatores de estresse mental também podem influenciar (3). O tratamento indicado é o bom e velho movimento bem orientado e direcionado para as demandas individuais.
“Os achados de exames de imagem sempre serão motivo de preocupação e justificam seus sintomas”
Não é incomum encontrarmos pessoas que, ao fazerem um exame de imagem, ficam preocupadas com os achados e acham que eles justificam seus sintomas. No entanto, é importante lembrar que muitas pessoas têm processos de desgaste articular ou nos discos da coluna sem nenhuma dor ou perda de função (4). Ter desgastes é normal e nem sempre eles são a causa da dor, é importante buscar uma avaliação clínica para saber qual é a verdadeira causa da dor e, a partir daí, traçar um plano de tratamento adequado (5).
“A sua dor é sempre um sinal de lesão real no seu corpo”
Embora muitas vezes associemos a dor a uma lesão tecidual, muitas vezes, ela não está relacionada apenas a isso. Na verdade, a dor está mais relacionada ao nível de alerta e “importância” que seu sistema nervoso entendeu sobre aquela percepção de dor (6). Por exemplo, sabe quando você percebe aquele hematoma na pele, mas não se lembra de como conseguiu? Este é um exemplo clássico de uma lesão que, no momento em que ela ocorreu, não foi percebida como dor ou algo que merecesse atenção do seu cérebro. Portanto, lembre-se:
nem sempre uma lesão é percebida como dor e em outros casos, uma lesão pequena, ou a percepção de que a lesão possa ter ocorrido, pode gerar uma dor intensa. (7)
“Se fizer exercício físico a sua dor vai piorar e causará mais lesão devido à sobrecarga”
Muitas pessoas acreditam que fazer exercício físico pode piorar a dor e causar mais lesões. No entanto, isso não é verdade. O exercício é capaz de produzir e liberar substâncias que inibem a dor e aumentam a sensação de bem-estar (1). É importante lembrar que todo exercício tem potencial para ser benéfico ou prejudicial, mas isso vai depender de fatores como volume, intensidade e aspectos individuais de cada pessoa.
É comum que, em casos de dor, o paciente seja orientado a evitar o exercício, mas essa não é a melhor abordagem.
Na verdade, o movimento é a base do tratamento para a dor crônica e dores em geral. Estudos mostram que a atividade física moderada e regular pode ajudar a reduzir a dor e melhorar a função física e mental (1).
Além disso, a prática de exercícios pode ajudar a prevenir lesões e fortalecer os músculos. Por isso, é importante que as pessoas deixem de lado as crenças negativas sobre a dor e exercícios e busquem orientação profissional para encontrar as melhores formas de se movimentar e se exercitar, pois este pode ser uma poderosa ferramenta para melhorar a saúde e reduzir níveis de dor.
Em resumo, é fundamental que as pessoas compreendam a dor de forma adequada e evitem acreditar em mitos que podem dificultar o tratamento e a recuperação. O movimento é um componente essencial para o tratamento da dor, e o exercício físico pode ser uma ferramenta valiosa para aliviar a dor, prevenir lesões e melhorar a qualidade de vida.
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